Se o assunto fosse Moda e Styling, provavelmente não teríamos qualquer dúvida de que a máxima “less is more” é uma verdade a ser sempre veemente respeitada. Contudo, nas redes sociais onde a informação (e a desinformação) são uma torrente a jorrar sem parar, serão os micro-influencers a chave para o sucesso das marcas?
Dentro do universo dos influenciadores digitais as figuras públicas ou celebridades são aquelas que mais depressa chegam a um maior número de pessoas, ao partilharem os produtos e marcas que utilizam. Contudo, existe sempre um certo ceticismo, afinal são celebridades e o mais provável é estarem ligados a acordos comerciais para promoverem determinado produto. Por mais que os identifiquemos com a experiência partilhada, está presente a ideia de uma estratosfera diferente à qual pertencem que lhes facilita o acesso a qualquer marca ou produto, ao qual um consumidor comum dificilmente acede. E no que diz respeito às audiências, o avultado número que followers será sinónimo de engagement com a marca partilhada ou mesmo de proximidade entre seguidores e influenciador?
Segundo um estudo partilhado pela Revista Marketeer, a capacidade de engagement de influenciadores com até 1000 seguidores pode ser cinco vezes maior do que influenciadores com mais de 100 mil seguidores. E por que será que tal acontece?
O jogo da influência pelas redes sociais acontece de forma integrada: da marca para o influenciador, que por sua vez produz um post com conteúdo enquadrado na marca, que gera uma reação com o intuito final de levar à compra. Mas neste percurso vencem apenas os influenciadores que dão prioridade a um relacionamento genuíno com os seus seguidores.
Hoje, cada vez mais, os consumidores antes de partirem para a compra procuram opiniões de pares, de pessoas com quem se identifiquem e que partilhem dos mesmos interesses.
Procuram conteúdo a par de uma boa imagem. Com isto, regressamos a uma espécie de word of mouth, mas desta vez mediado pelas redes sociais. Características como autenticidade e capacidade de influência são a chave do sucesso, sobretudo num panorama de segmento, de nicho, onde a proximidade e o diálogo com os seguidores podem mesmo ser personalizados.
Assim, pessoas reais confiam em pessoas com quem se identificam e sentem proximidade, em detrimento de campanhas publicitárias encabeçadas por figuras públicas. E neste campo até as marcas podem encontrar valores de ROI interessantes, em relação a grandes investimentos em figuras públicas e celebridades, como ainda podem ficar a conhecer melhor os seus próprios consumidores.
Podemos então afirmar que, no campo da influência digital, nomeadamente, no campo dos micro-influencers, a máxima mais utilizada no mundo da moda pode também ser um vivo conselho a ser seguido pelas marcas nas redes sociais: less followers, more engagement.
Por Lurdes Rocha | Mestre em Comunicação Estratégica, Publicidade e Relações Públicas
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